terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mito de Eros e Psique.



Era uma vez um rei que tinha três filhas. Duas eram lindas, mais a mais nova era muito, muito mais bonita. Dizia-se até que Afrodite - a deusa da beleza - não era tão bonita quanto Psiquê (esse era seu nome). Os templos de Afrodite andavam vazios porque as pessoas, principalmente os homens, passaram a cultuar aquela princesa maravilhosa.
Afrodite ficou com ciúme e pediu para seu filho, Eros, preparar uma vingança. Ela queria que Psiquê se apaixonasse por um monstro horrível. Só que Eros também acabou sendo atingido pelos encantos da menina. Ele ficou tão maravilhado ao ver Psiquê que não conseguiu cumprir a ordem da mãe.

O estranho é que todos aqueles homens que ficavam enfeitiçados com sua beleza não se aproximavam e nem tentavam namorá-la. As duas irmãs, que perto da caçula não tinham a menor graça, logo arranjaram pretendentes e cada uma se casou com um rei. A família ficou preocupada com a solidão de Psiquê. Então, um dia, o pai resolveu perguntar ao oráculo de Apolo o que deveria fazer para a menina arranjar um marido. O que ele não sabia é que Eros já havia pedido a Apolo para ajudá-lo a cumprir aos planos de sua mãe. A resposta que o rei levou para casa o deixou muito mais preocupado do que já estava: o deus falou que Psiquê deveria ser vestida de luto e abandonada no alto de uma montanha, onde um monstro iria buscá-la para fazer dela sua esposa.

Embora muito triste, a família cumpriu essas determinações e Psiquê foi deixada na montanha. Sozinha e desesperada, ela começou a chorar. Mas, de repente, surgiu uma brisa suave que a levou flutuando até um vale cheio de flores, onde havia um palácio maravilhoso, com pilares de ouro, paredes de prata e chão de pedras preciosas.
Ao passar pela porta ouviu vozes que diziam assim: "Entre, tome um banho e descanse. Daqui a pouco será servido o jantar. Essa casa é sua e nós seremos seus servos. Faremos tudo o que a senhora desejar". Ela ficou surpresa. Esperava algo terrível, um destino pior que a morte e agora era dona de um palácio encantado. Só uma coisa a incomodava: ela estava completamente sozinha. Aquelas vozes eram só vozes, vinham do ar.

A solidão terminou à noite, na escuridão, quando o marido chegou. E a presença dele era tão deliciosa que Psiquê, embora não o visse, tinha certeza de que não se tratava de nenhum monstro horroroso.

A partir de então sua vida ficou assim: luxo, solidão e vozes que faziam suas vontades durante o dia e, à noite, amor. Acontece que a proibição de ver o rosto do marido a intrigava. E a inquietação aumentou mais ainda quando o misterioso companheiro avisou que ela não deveria encontrar sua família nunca mais. Caso contrário, coisas terríveis iam começar a acontecer.

Ela não se conformou com isso e, na noite seguinte, implorou a permissão para ver pelo menos as irmãs. Contrariado, mas com pena da esposa, ele acabou concordando. Assim, durante o dia, quando ele estava longe, as irmãs foram trazidas da montanha pela brisa e comeram um banquete no palácio.

Só que o marido estava certo, a alegria que as duas sentiram pelo reencontro logo se transformou em inveja e elas voltaram para casa pensando em um jeito de acabar com a sorte da irmã. Nessa mesma noite, no palácio, aconteceu uma discussão. O marido pediu para Psiquê não receber mais a visita das irmãs e ela, que não tinha percebido seus olhares maldosos, se rebelou, já estava proibida de ver o rosto dele e agora ele queria impedi-la de ver até mesmo as irmãs? Novamente, ele acabou cedendo e no dia seguinte as pérfidas foram convidadas para ir ao palácio de novo. Mas dessa vez elas apareceram com um plano já arquitetado.

Elas aconselharam Psiquê a assassinar o marido. À noite ela teria que esconder uma faca e uma lamparina de óleo ao lado da cama para matá-lo durante o sono.

Psiquê caiu na armadilha. Mas, quando acendeu a lamparina, viu que estava ao lado do próprio Eros, o deus do amor, a figura masculina mais bonita que havia existido. Ela estremeceu, a faca escorregou da sua mão, a lamparina entornou e uma gota de óleo fervente caiu no ombro dele, que despertou, sentiu-se traído, virou as costas, e foi embora. Disse: "Não há amor onde não há confiança".

Psiquê ficou desesperada e resolveu empregar todas as suas forças para recuperar o amor de Eros, que, a essa altura, estava na casa da mãe se recuperando do ferimento no ombro. Ela passava o tempo todo pedindo aos deuses para acalmar a fúria de Afrodite, sem obter resultado. Resolveu então ir se oferecer à sogra como serva, dizendo que faria qualquer coisa por Eros.

Ao ouvir isso, Afrodite gargalhou e respondeu que, para recuperar o amor dele, ela teria que passar por uma prova. Em seguida, pegou uma grande quantidade de trigo, milho, papoula e muitos outros grãos e misturou. Até o fim do dia, Psiquê teria que separar tudo aquilo.

Era impossível e ela já estava convencida de seu fracasso quando centenas de formigas resolveram ajudá-la e fizeram todo o trabalho.

Surpresa e nervosa por ver aquela tarefa cumprida, a deusa fez um pedido ainda mais difícil: queria que Psiquê trouxesse um pouco de lã de ouro de umas ovelhas ferozes. Percebendo que ia ser trucidada, ela já estava pensando em se afogar no rio quando foi aconselhada por um caniço (uma planta parecida com um bambu) a esperar o sol se pôr e as ovelhas partirem para recolher a lã que ficasse presa nos arbustos. Deu certo, mas no dia seguinte uma nova missão a esperava.

Agora Psiquê teria que recolher em um jarro de cristal um pouco da água negra que saía de uma nascente que ficava no alto de uns penhascos. Com o jarro na mão, ela foi caminhando em direção aos rochedos, mas logo se deu conta de que escalar aquilo seria o seu fim. Mais uma vez, conseguiu uma ajuda inesperada: uma águia apareceu, tirou o jarro de suas mãos e logo voltou com ele bem cheio de água negra.

Acontece que a pior tarefa ainda estava por vir. Afrodite dessa vez pediu a Psiquê que fosse até o inferno e trouxesse para ela uma caixinha com a beleza imortal. Desta vez, uma torre lhe deu orientações de como deveria agir, e, assim, ela conseguiu trazer a encomenda.
Tudo já estava próximo do fim quando veio a tentação de pegar um pouco da beleza imortal para tornar-se mais encantadora para Eros. Ela abriu a caixa e dali saiu um sono profundo, que em poucos segundos a fez tombar adormecida.

A história acabaria assim se o amor não fosse correspondido. Por sorte Eros também estava apaixonado e desesperado. Ele tinha ido pedir a Zeus, o deus dos deuses, que fizesse sua mãe parar com aquilo para que eles pudessem ficar juntos.

Zeus então reuniu a assembléia dos deuses (que incluía Afrodite) e anunciou que Eros e Psiquê iriam se casar no Olimpo e ela se tornaria uma deusa. Afrodite aceitou porque, percebendo que a nora iria viver no céu, ocupada com o marido e os filhos, os homens voltariam a cultuá-la.

Eros e Psiquê tiveram uma filha chamada Volúpia e, é claro, viveram felizes para sempre.

(Os deuses da mitologia grega costumam ter dois nomes, um grego e outro romano. ssim, Eros é o nome grego do Cupido e sua tradução para o português é Amor. Palavras com erótico e erotismo vem daí. Afrodite e Vênus também são a mesma deusa. Psiquê só tem esse nome que, em grego, significa alma. Psíquico, psiquiatria e psicologia nasceram dessa raiz. O mito de Eros e Psiquê é a história da ligação entre o amor e a alma.)


Quatro letras



4 letras é nada 
4 letras é tudo 
4 letras é o dedo 
Que é a língua do mundo 
4 letras, 4 letras 
4 letras eu fico 
Rico ou duro 
4 letras eu picho 
Seu nome nome no muro 
4 letras eu digo, eu peço, eu faço 
4 letras eu subo bem alto e caio 
4 letras 
Algo que aprendi 
Na escola da rua 
Que com 4 letras 
A vida fica mais dura 
4 letras 
Eu pego uma arma 
No meio da mata 
Vejo algo 
E logo jogo a faca 
A mina bela de pele lisa 
Com 4 letras é a Mona Lisa 
Se você juntar o bem, o mal, o medo, a fome 
Com 4 letras escreva um nome 
4 letras é a alma, o frei, a irmã 
4 letras é Deus 
O Papa 
Satã.

(Júnior Blau)

Todas as cartas de amor são Ridículas.


Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

(Poesias de Álvaro de Campos)




O preço do feijão
não cabe no poema.
O preço
do arroz
não cabe no poema.
Nao cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em seus arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras.
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede nem cheira.
(Ferreira Gullar)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

VALORES...




A princípio gostaria que o mundo recebesse como um tanto natural. Tão quanto queda d´água em cachoeira, nascer e pôr do sol, como arco íris em dia ensolarado de céu chorando. Tenha a certeza que em algum lugar tem uma pessoa perfeita pra todos os corações. “Os corações têm às vezes tão engenhosas formas de se buscarem, que a própria reflexão fica perplexa quando o encontro se produz”.Talvez demore mais a encontrar aqueles que hesitam acreditar, os que de ignorância faz desperdiçar, e os que não estão preparados para lidar, mas ainda acho que irão achar. Se não a pessoa perfeita, ao menos a merecida. Para maior entendimento: perfeita e/ou merecida Á VOCÊ (fazer jus a). 
Talvez continuemos a deparar com articulações que relacionamento é muito menos apaixonante, porém mais seguro que a vida de solteiro. Continuo a achar todo tipo de relacionamento belo, e o mais importante a mim não é ser eterno em quanto dure como disse magicamente um grande poeta, basta ser divertido. E o mais hilário é que eu já achava a vida maravilhosa antes de lhe conhecer. 
Parece-me simples entender que algumas pessoas passarão na sua vida e marcarão para sempre. Nunca tive um objetivo maior que encontrar a alma gêmea, a tampa da panela, a metade da laranja ou sei lá como chamem. Num dia bonito, claro! 
Não deixei de acreditar em amores perfeitos, nem mesmo perdi a coragem de correr atrás do carro que levava minha amada. Também não vivi, nem assisti, algo mais tentador e atraente que devorar a dois o pão quentinho antes de chegar em casa, fazer um coração com nossas iniciais no espelho embaçado ou dançar na chuva. Se bem que atração muitas vezes é momento, se perde, falece. E o que de você faz balançar mais em mim, embora às vezes me assuste, faça-me novamente suar as mãos, tem outro nome: IDENTIFICAÇÃO. 
Ter o mais moderno óculos, não é ter a melhor visão. E ainda bem que sou assim, com todos os defeitos possíveis, menos com este que não compreendo, mas tolero: Tem muita gente que não reconheceria o amor nem com lente de aumento. Pois eu vejo-o a distância mesmo com minha miopia. Ou melhor, sinto, pois energia não se vê. É tanta energia que às vezes arremesso pro alto, faço mil acrobacias com o amor, e de vez em quando desequilibro também. Rs... Não só isto, percebo num piscar de olhos que tem seres humanos - como você - que não devem morrer, ficam encantados no tempo. Sinto as minhas risadas mais gostosas a sua companhia e já ouvi dizer que alguns sorrisos só acontecem quando se está apaixonado.
“Sou um geminiano roxo, vivo por um segundo” e mesmo que continuem a achar que isto é mais um entre tantos atos de impulsividade, que pode acabar daqui a um mês ou alguns anos, não tem problema. Eu escrevo um livro, a sua Biografia. Aí quem sabe poderão entender os detalhes que fazem de você um alguém no meio da multidão. 
Mesmo assim como sempre sabiamente explicou minha mãe, continuará a existir pessoas que não têm na verdade vontade e sim necessidade de chamar a atenção. Esta psicose de querer seduzir/conquistar todo mundo – muitas vezes sem ao menos desejá-los - para apenas se sentir melhor, sentir-se alguém. Esta constância de enganações, só revela o quanto despreparados, desequilibrados e pouco evoluídos somos. E já no meu ponto de vista não tão cavalheiro como o da minha reprodutora, é de início e pra ser suave, um comportamento no mínimo repugnante. Entretanto minha honestidade e humildade não deixariam de revelar que fui assim em muitos momentos também. E modestamente penso que esta obra de arte que expõem um pouquinho de você, poderá ajudar todos nós só com o título: “ZANZA – Nada é mais sedutor que ser simples, discreta e verdadeira. Até porque as melhores obras de arte são definidas pelo amor dispensado a elas. Talvez seja por isto que não se encontre bolinho de chuva em restaurante de “granfino” e princesa em carruagem de abóbora. 
Daqueles tantos conceitos de amor que já acreditei hoje o que mais toca em mim diz: “Amor é quando as diferenças não são mais capazes de separar”. E se me ponho profundamente a isto interpretar, fico perdido pensando se então aqueles poucos declamados te amo não seriam, apenas por não mais existirem. Não sei. E desta história de Amor eu muito li e ouvi, mas um pouquinho entendi quando vivi. 
Como toda criança eu um dia já pensei que existisse amor eterno. De duas, uma: Não é eterno ou não era amor! Qual é a sua escolha? Eu prefiro acreditar que “às vezes” pode não ser eterno. E eu não desisto de acreditar... No Ser Humano, no bem, na vida e no amor. 
Então hoje, por que amanhã posso naturalmente mudar de opinião, penso que certezas só teremos após vivê-lo e jamais antes e durante. Portanto eu vou caminhando cheio de incertezas e no futuro quem sabe eu possa refletir na minha trajetória e compreender que tudo foi importante, mas sempre andei numa instigante corda bamba. Porque afinal, como todo mundo, também já estive com alguém sabendo que ela não estaria comigo lá. Mas eu posso lhe garantir Linda, que de todas as poucas convicções desta minha mente surreal, nunca eu senti tanto que quem estará lá é quem está aqui agora. 
Tenho algumas ambições, um monte de coisas a conquistar, sonhos a realizar, uma pequenina alma a se expandir, mas o mais importante e fundamental requisito era achar um ninho seguro, o aconchego. Sem você além de não conseguir, seria um tédio. 
Há tempos sabemos que os faróis iluminando apenas alguns metros da estrada permitem a nós atravessarmos uma cidade, um país inteiro. Não sei bem o meu destino. Sei que a viagem é longa, que pode furar um pneu. Pode ser que eu disfarçadamente decida errar uma saída só pra me perder, pra sair da rotina ou pra ter mais tempo de viagem.  Pode ser que apareçam buracos, que a estrada tenha trânsito. Pode ser que a gente passe alguma dificuldade. Pode ser que eu decida ir a pé um pedaço, pra me sentir mais humano. “A estrada vai além do que se vê...” por isto eu nunca me preocupei pra onde vou, e sim com quem vou. 
O agora, o presente, sempre me fascinou mais. 
Nunca fui de pensar como seria o amanhã, talvez por prever as maravilhas que já estão a mim reservadas no futuro. Simplesmente porque é uma questão de interdependência, quanto mais evolução, mais gratificação. Como tenho muito a evoluir, tenho muito a receber. Mas, recentemente me pego refletindo sobre este tal percurso. E por incrível que pareça você sempre está em alguma estação, na verdade não consigo imaginar esta estrada sem você, quanto mais vivê-la. 
“Existem muitos motivos para não se amar uma pessoa, mas apenas um para amá-la”. A mim basta a certeza que o que você tem de mais lindo, por incrível que pareça, não está palpável, não reflete no espelho. 
Você não ilumina, emite som. 
A mim tudo é por livre e espontânea vontade. E me desculpa as possíveis más interpretações, me desculpe a estética, a cultura, a moda, a tradição, ou o que quer que seja, mas o meu coração eu entrego a quem possui e reverencia os mesmos valores.

Jogue fora todos os números não essenciais para sua sobrevivência.




Isso inclui, idade, peso e altura.
Deixe o médico se preocupar com eles.
Para isso ele é pago.
Freqüente, de preferência, seus amigos alegres.
Os de " baixo astral" puxam você para baixo.
Continue aprendendo...
Aprenda mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa.
Não deixe seu cérebro desocupado.
Uma mente sem uso é a oficina do diabo.
E o nome do diabo é Alzheimer.
Curta coisas simples.
Ria muito e, muito e alto.
Ria até perder o fôlego.
Lágrimas acontecem.
Agüente, sofra e siga em frente.
A única pessoa que acompanha você a vida toda é você mesmo.
Esteja vivo, enquanto você viver!
Esteja sempre rodeado daquilo que você gosta: família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for.
Seu lar é o seu refúgio.
Aproveite sua saúde.
Se for boa, preserve-a.
Se está instável, melhore-a.
Se está abaixo desse nível, peça ajuda.
Não faça viagens de remorso.
Faça uma viagem ao Shopping, para cidade vizinha, para um país estrangeiro, mas não faça viagens ao passado.
Diga a quem você ama, que você realmente os ama, em todas as oportunidades.
E lembre-se sempre que: a vida não é medida pelo número de vezes que você respirou, mas pelos momentos em que você perdeu o fôlego: de tanto rir...
De surpresa...
De êxtase...
De felicidade...
"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol".

Pablo Picasso


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Nesta vida eu já vi, fiz e quis muita coisa...



Já quis ser atleta.
De atacante, fui pro meio, pra zaga, goleiro, técnico, preparador físico, torcedor. 
Realmente eu não era tão bom quanto achava. 
Cientista? Minha primeira experiência foi com dois pintinhos. Sabe aqueles amarelinhos que antigamente passava uma Kombi na rua trocando-os por garrafa de vidro. Esqueci-os dentro da gaiola, choveu, morreram. Aprendi desde cedo que animais devem viver livres e é inadmissível usá-los. 
Já pensei em ser piloto de fórmula 1. Mas o meu primeiro "carro", a ratoeira, destruí de tanto bater. 
Já quis ser aeromoço. Aprendi que posso ser tão quanto eficiente e gentil, mas existem funções e regras que separam pessoas. Homem, mulher.
Já estive com muita gente me sentindo sozinho, mas já estive sozinho me sentindo abraçado pelo mundo. 
Já briguei, mas não me lembro de ter tirado sangue de ninguém. 
Mas já tomei porrada pra ficar esperto e largar de ser malandro. 
Já pulei na vala fazendo pose de salto ornamental. 
Já desci em rampa de grama escorregando num papelão. 
Já me vesti de mulher, coloquei biquíni e passei batom. 
Já bebi o restinho da sopa chupando o prato. 
Já brinquei de bolinha de gudê, de pião, estilingue e já-quem-pôr. 
Já tomei tiro, de sal, mas doeu à beça. 
Já vi desenho dos smurf´s, do rambo, da caverna do dragão e do gasparzinho. 
Já viajei. Aprendi que lugares ajudam, mas as companhias é que fazem à diferença. 
O lugar mais longe que viajei foi pra dentro de mim. 
Já li e ouvi dizer que é um tal de auto-conhecimento. Sei lá... 
Já fiz só a minha parte. Mas aprendi que somos responsáveis pelo que fazemos, pelo que não fazemos e pelo que permitimos que façam. "Não é meu trabalho pilotar esse navio, nunca soprei a corneta. Não é meu lugar até onde o navio irá. Não tenho licença para ir ao convés, ou mesmo tocar o sino. Mas se esta coisa começar afundar, olhe quem vai para o inferno."
Já enganei meu irmão dizendo que ele era adotado, iiii. Aprendi cedo que a gente pode influenciar e persuadir pessoas. 
Já fiz maldade e pisei na bola feio. Percebi que dói mais em mim. 
Não sei se fiz tempestade em copo d’água, mas aprendi que certos copos enfrentam tempestades, como quem de longe já avista a calmaria, o porto seguro. “Estar certo nem sempre é o mais importante.”
Já beijei. Namorei até uma menina que não beijava de língua. Amei-a do mesmo jeito. 
Já saí com mulheres de magnífica beleza e com umas não tão privilegiadas na estética. "As inteligentes é que, mesmo que exuberantes, fazem da sua beleza quase irrelevante." Aprendi que com o tempo me cativa mais o que ESCUTO do que o que VEJO. "A beleza agrada apenas os olhos, é a doçura nos modos que encanta a alma." 
Já me chamaram pra ver filme de terror e eu falei que tinha compromisso, por vergonha de falar que eu gosto é de comédia romântica. 
Já vi filme pornô sem meu pai saber. 
Já pensei que as meninas só teriam prazer se fosse daquele jeito. 
Aprendi que sexo bom chama-se amor, e que pode sim ser amor de uma noite. 
Amor de uma vida, amor de uma noite. Basta ser amor.
Já vi crianças entrando e saindo de brinquedos loucos do PlayCenter e eu ali sempre no carrinho bate-bate. 
Aprendi que tenho poucos medos: um é de brinquedo que gira, e o outro é que um dia eu precise que minha mãe volte a cortar minhas unhas. Putz ela sempre dava aquela pegada na pelinha. 
Já me preparei pra eclipse bebendo vodka e red bull encima de lençol a noite na praia. 
Já passei ano novo em pedra ao mar, só eu. 
Já tive momentos cometa. De estupenda beleza, mas rápida. 
Estrela, que é bela por um tempo, mas apaga. 
E momento sol, de me sentir essencial.